8 de maio de 2019, 17:13.

BRUXISMO INFANTIL

 

O bruxismo é definido por um consenso internacional como uma atividade repetitiva da musculatura mastigatória, caracterizada por apertamento e ranger de dentes e/ou segurar ou empurrar a mandíbula. Apesar de ser muitas vezes agrupado e designado genericamente como “bruxismo”, o bruxismo tem duas manifestações distintas, podendo ocorrer durante o sono ou a vigília. O bruxismo do sono é caracterizado tanto por uma atividade de apertamento como de ranger dos dentes, enquanto o bruxismo da vigília se caracteriza principalmente, por uma atividade de apertamento em pacientes normorreativos

O bruxismo do sono e da vigília aparentam ter diferentes etiologias e fisiopatologias. Os pesquisadores estimam que o bruxismo do sono e da vigília estejam presentes concomitantemente em um a cada cinco indivíduos na população geral. Até agora, a maioria das evidências sobre a etiologia do bruxismo provém de estudos que se concentram no bruxismo do sono. Esses estudos indicam que alterações neuroquímicas, como distúrbios no sistema dopaminérgico central e excitações relacionadas ao sono desempenham um papel na presença do bruxismo do sono. Além disso, fatores demográficos como gênero, idade e nível de educação foram descritos como associados ao bruxismo do sono. Fatores psicológicos como a depressão e o estresse são frequentemente associados ao bruxismo do sono e da vigília. O bruximo também pode estar associados a problemas na mordida da criança, e pode ter características genéticas, apesar de não haver um único gene associado a este hábito. Os autores Lavigne et. al também sugerem que as crianças tendem a imitar os comportamentos de seus pais, uma criança pode aprender a apertar e ranger os dentes observando os pais reagirem ao estresse, raiva ou frustração, desta forma.

Pesquisadores encontraram que as crianças que apresentavam bruxismo do sono eram mais propensas a terem doenças médicas crônicas, rinite alérgica, asma e infecções do trato respiratório superior. Também encontraram que o bruxismo do sono está associado a outras doenças do sono, particularmente ao falar dormindo. Alguns autores sugerem que o bruxismo do sono está associado à redução da via aérea ou ao aumento da resistência da passagem do ar, bem como apnéia obstrutiva do sono.

Várias abordagens podem ser usadas para diagnosticar o bruxismo do sono e da vigília, todos com suas vantagens e desvantagens. O diagnóstico do bruxismo pode ser designado como possível por meio do auto-relato ou provável por meio do auto-relado associado a sinais e sintomas (desgastes dentários excessivos, dor ou fadiga nos músculos da mastigação, dor de cabeça na região do temporal ou travamento da mandíbula). Contudo, o bruxismo do sono só pode ser detectado definitivamente por meio da polissonagrafia com o paciente adormecido. Houve associação entre a presença de bruxismo do sono e o número de horas dormidas por noite, as crianças que dormiam por menos de 8 horas por noite eram mais propensas a apresentarem o bruxismo do sono e que estímulos sonoros e de luz nos quartos onde as crianças dormiam eram fatores ambientais associados ao bruxismo. Existe alguma evidêcia relacionando também o bruxismo do sono ao fumo passivo.

O bruxismo não pode ser considerado normal, mesmo durante as fases dos dentes de leite e da dentição mista. O bruxismo está associado a vários distúrbios, como problemas dentários, dor orofacial, doenças neurológicas e apneia obstrutiva do sono. Em crianças, os hábitos orais, como o bruxismo, a sucção não-nutritiva e roer as unhas, são considerados comuns, mas aqueles que persistem com a idade podem ter efeitos profundos nas estruturas orofaciais e podem desempenhar um papel na etiologia de disfunção temporomandibular. Um estudo encontrou que a maioria das crianças que praticavam algum tipo de esporte não sofria de bruxismo no sono. A sensação prazerosa oriunda dessas atividades pode ser um fator protetor para diminuir altos níveis de neuroticidade e de bruxismo do sono.

Existem várias formas de tratamento para o bruximo, como indicação de tratamento terapêutico, medicamentoso, e uso de aparelhos. Alguns autores relatam que não há provas suficientes para afirmar que a placa oclusal é efetiva no controle do bruxismo, entretanto seu uso é realizado no intuito de impedir o desgaste dentário. Outros autores afirmam que o ajuste oclusal e o uso de aparelhos interoclusais podem ser efetivos. Na dentadura decídua, a preocupação com o desgaste dentário é muito menor, já que é uma dentição temporária. Entretanto, a partir do momento em que este desgaste se torna muito severo ou os primeiros dentes permanentes (incisivos e primeiros molares) entram em oclusão, os dentes devem ser protegidos para que esse desgaste não possa evoluir.

A injeção de toxina botulínica, ou botox, pode ser efetiva na diminuição do ranger ou apertamento, porém possui efeito não duradouro e nenhuma evidência científica que garanta seus efeitos no longo prazo, principalmente em crianças normorreativas. Por outro lado, em crianças com alterações neuromotoras, como por exemplo a paralisia cerebral, o uso da toxina botulínica faz parte de um programa reabilitador interdisciplinar, por diminuir a espasticidade muscular apendicular.

A aplicação de laser de baixa intensidade é um tratamento não invasivo e de baixo custo. A irradiação de pontos desencadeantes constitui um tratamento eficaz para a dor orofacial, bem como a redução do inchaço e da hiperemia. A acupuntura também foi utilizada com sucesso para o tratamento do bruxismo, conseguindo uma redução na atividade do masseter e dos músculos temporais anteriores, bem como uma redução da ansiedade.

 

Fonte: Monografia de Especialização “Bruxismo na infância – uma revisão de literatura” apresentada à Fundecto (USP) pela autora Anna Luisa de Brito Pacheco Furlan.

 

 

 

 

 

, 17:10.

NUTRIÇÃO: ALIMENTOS IN NATURA, MINIMAMENTE PROCESSADOS E ULTRAPROCESSADOS

 

A ingestão de nutrientes, propiciada pela alimentação, é essencial para a boa saúde. Igualmente importantes para a saúde são os alimentos específicos que fornecem os nutrientes, as inúmeras possíveis combinações entre eles e suas formas de preparo, as características do modo de comer e as dimensões sociais e culturais das práticas alimentares.

Entretanto, o efeito de nutrientes individuais foi se mostrando progressivamente insuficiente para explicar a relação entre alimentação e saúde. Vários estudos mostram, por exemplo, que a proteção que o consumo de frutas ou de legumes e verduras confere contra doenças do coração e certos tipos de câncer não se repete com intervenções baseadas no fornecimento de medicamentos ou suplementos que contêm os nutrientes individuais presentes naqueles alimentos. Esses estudos indicam que o efeito benéfico sobre a prevenção de doenças advém do alimento em si e das combinações de nutrientes e outros compostos químicos que fazem parte da matriz do alimento, mais do que de nutrientes isolados.

Padrões de alimentação estão mudando rapidamente na grande maioria dos países e, em particular, naqueles economicamente emergentes. As principais mudanças envolvem a substituição de alimentos in natura ou minimamente processados de origem vegetal (arroz, feijão, mandioca, batata, legumes e verduras) e preparações culinárias à base desses alimentos por produtos industrializados prontos para consumo. Essas transformações, observadas com grande intensidade no Brasil, determinam, entre outras consequências, o desequilíbrio na oferta de nutrientes e a ingestão excessiva de calorias.

 

 

  1. Alimentos in natura e minimamente precessados: os alimentos in natura são obtidos diretamente de plantas ou de animais e são adquiridos para o consumo sem que tenham sofrido qualquer alteração após deixarem a natureza. Já os alimentos minimamente processados correspondem a alimentos in natura que foram submetidos a processos de limpeza, remoção de partes não comestíveis ou indesejáveis, fracionamento, secagem, fermentação, moagem, pasteurização, refrigeração, congelamento e processos similares que não envolvam agregação de sal, açúcar, óleos, gorduras ou outras substâncias ao alimento original. Exemplos: legumes, berduras, frutas, batata, mandioca e outras raízes e tubérculos in natura ou embalados, fracionados, refrigerados ou congelados, arroz, milho, feijão, frutas secas, castanhas, farinhas e massas frescas, carnes de gado, leite pasteurizado., ovos, chá e café.
  2. Óleos: são produtos extraídos de alimentos in natura ou da natureza por processos como prensagem, moagem, trituração, pulverrização e refino. Exemplos: óleo de soja, de milho, de girasol e de oliva.
  3. Alimentos processados: são fabricados pela indústria com a adição de sal ou açúcar ou outra substância de uso culinário a alimentos in natura para torná-los duráveis e mais agradáveis ao paladar. São produtos derivados diretamente de alimentos e são reconhecidos como versões dos alimentos originais. Exemplos: cenoura, pepino, ervilhas, palmito, cebola, couve flor preservados em solução de salmoura; frutas em calda e frutas cristalizadas; carne seca e toucinho, sardinha e atum enlatados, e pães.
  4. Alimentos ultraprocessados: formulações industriais feitas inteiramente ou majotitamente de subtâncias extraídas de alimentos (oleos, gorduras, açúcar, amido, proteínas), derivadas de constituintes de alimentos (gorduras hidrogenadas, amido modificado) ou sintetizadas em laboratório com base em matérias orgânicas como petróleo e carvão (corantes, aromatizantes, e outros aditivos). Exemplos: biscoitos, sorvetes, balas e guloseimas em geral, cerais açucarados, bolos, misturas para bolos, barras de cereal, sopas e macarrões instantaneous, refrigerantes, iogurtes, produtos congelados, pães doces, etc.

 

Por que evitar o consumo de produtos ultraprocessados?

 

Há muitas razões, principalmente relacionadas à comprosição nutricional desses produtos, às características que os ligam ao consumo excessivo de calorias, e ao impacto de suas formas de produção, produção, distribuição, comercialização e consumo têm sobre a cultura, a vida social e o meio ambiente.

Os ingredientes principais dos alimentos ultraprocessados fazem com que, com frequência, eles sejam ricos em gorduras ou açúcares. É comum que apresentem alto teor de sódio, por conta da adição de grandes quantidades de sal, necessárias para estender a duração dos produtos e intensificar o sabor, ou mesmo para encobrir sabores indesejáveis oriundos de aditivos ou de substâncias geradas pelas técnicas envolvidas no ultraprocessamento.

Para que tenham longa duração e não se tornem rançosos precocemente, os alimentos ultraprocessados são frequentemente fabricados com gorduras que resistem à oxidação, mas que tendem a obstruir as artérias que conduzem o sangue dentro do nosso corpo. São particularmente comuns em alimentos ultraprocessados óleos vegetais naturalmente ricos em gorduras saturadas e gorduras hidrogenadas, que, além de ricas em gorduras saturadas, contêm também gorduras trans.

Alimentos ultraprocessados tendem a ser muito pobres em fibras, que são essenciais para a prevenção de doenças do coração, diabetes e vários tipos de câncer. A ausência de fibras decorre da ausência ou da presença limitada de alimentos in natura ou minimamente processados nesses produtos. Essa mesma condição faz com que os alimentos ultraprocessados sejam pobres também em vitaminas, minerais e outras substâncias com atividade biológica que estão naturalmente presentes em alimentos in natura ou minimamente processados. Em paralelo ao crescente conhecimento de profissionais de saúde e da população em geral acerca da composição nutricional desbalanceada dos alimentos ultraprocessados, nota-se aumento na oferta de versões reformuladas desses produtos, às vezes denominadas light ou diet. Entretanto, com frequência, a reformulação não traz benefícios claros. Por exemplo, quando o conteúdo de gordura do produto é reduzido à custa do aumento no conteúdo de açúcar ou vice-versa.

 

Fonte: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/guia_alimentar_populacao_brasileira_2ed.pdf

 

 

, 15:08.

TABAGISMO: SITUAÇÃO ATUAL E O CIGARRO ELETRÔNICO

O consumo do tabaco no mundo todo vem diminuindo, no ano de 2000 27% da população mundial era de fumantes, hoje são 20%. Contudo, a quantidade de fumantes ainda é assustadora, chegando em aproximadamente 1,1 bilhão de pessoas. Basicamente 4 fatores impedem uma diminuição do número de fumantes no Brasil: pesquisas enganosas, lobby dos fabricantes, contrabando e corrupção.

O Brasil registrou avanços significativos na luta contra o tabagismo: em 1989, 35% dos adultos fumava, hoje esse índice é de 11%. Atualmente a luta contra o fumo encontra um obstáculo importante: o contrabando, que vende o cigarro avulso em comercio ilegal inclusive para crianças. Para os fabricantes o contrabando pode ser mostrar bastante rentável. Os cigarros que são contrabandos para o Brasil são, na maioria, dos mesmos fabricantes nacionais que mantem fabricas em países onde os impostos são mais baratos do que aqui.

Um outro obstáculo importante para a redução do tabagismo são os cigarros eletrônicos que já se alastraram pela Europa e Estados Unidos e começam a chegar ao Brasil. Seus produtores indicam que os cigarros eletrônicos poderiam ser uma alternativa para quem não consegue se livrar do vício. De fato, ocorre uma diminuição no consumo de substâncias tóxicas, mas a experiência tem mostrado que a maioria dos fumantes acabam ficando com os dois tipos de cigarro. Os fabricantes de cigarros eletrônicos focam no público jovem, mais ligado nos produtos com apelo tecnológico. Muitos têm o formato de pen drives que podem ser carregados em USB de computadores e contém sabores como chocolate, morango e creme brulee.

A maior fabricante de cigarros dos Estados Unidos acaba de comprar por 12,8 billhões de dólares 35% da Juul Labs, empresa que domina o mercado de cigarros eletrônicos. A intenção é utilizar toda a infraestrutura de venda e marketing das gigantes do tabaco. A indústria investe numa forma de manter seus lucros nos países que tem conseguido reduzir o número de fumantes tornando o produto mais palatável, inclusive para as crianças.

Caso medidas preventivas não forem adotadas andaremos para trás, veremos milhões de crianças e adolescentes brasileiros dependentes da nicotina.

, 11:56.

IMPORTÂNCIA DO DENTISTA NO HOSPITAL

 


1) Na prevenção da PAVM

 

  • A Pneumonia associada à Ventilação Mecânica ( PAVM ), é a segunda infecção nosocomial mais comum e a primeira infecção mais adquirida na UTI.
  • É adquirida pelos pacientes ventilados mecanicamente por 48 horas ou mais, após a intubação endotraqueal, desde o início da ventilação ou até uma semana após a ventilação.
  • É uma complicação comum de intubação, assim causando o prolongamento do paciente no hospital, o aumento do uso de recursos de saúde e o aumento no número de mortalidade, que variam de 13 a 55%.
  • A implementação dos cuidados direcionados ao aparelho de ventilação mecânica, a aspiração subgló­tica e o protocolo de cuidados bucais reduzem signifi­cativamente as taxas de PAVM em 12 meses.
  • Fatores de risco relacionados à boca: formações de colônias bacterianas na boca, acúmulo de bactérias patogênicas na superfície dos dentes, desenvolvimento de placa, e aspiração de secreções da cavidade oral.
  • A presença do cirurgião-dentista na UTI é de extrema importância para dar as orientações ao corpo de enfermagem para a realização da higiene bucal, fazer o controle da placa bacteriana com a remoção mecânica e fazer uso de enxaguatórios bucais, sendo a base de Clorexidina 0,12% em pacientes entubados sob ventilação mecânica, principalmente em relação à técnica a ser utilizada, os cuidados, e os materiais a serem instituídos, assim como a realização de procedimentos odontológicos visando à remoção de focos infecciosos bucais e possíveis agravos ao paciente.

 

( David, 1998; Ahamed et al, 2001; Rello et al, 2002; Schleder, 2003; American Thoracic Society e Infectious Diseases Society of America, 2005)

 

2) Na prevenção e tratamento da mucosite oral (MO)

 

  • A MO é um efeito colateral muito comum da quimioterapia (QT), radioterapia (RT) de cabeça e pescoço, e QT mieloablasiva de alta dose usada em transplante de células-tronco hematopoiéticas (TCTH).
  • Segundo Kuhn et al. (2009), MOs ocorrem em aproximadamente 52 a 80% das crianças recebendo tratamento para câncer. Higiene oral pobre, danos pré-existentes na cavidade bucal, imunossupressão, e alto nível de citocinas pró-inflamatórias predispõe os pacientes à severa mucosite.
  • Dores na boca e dificuldades para deglutir, comer e beber, bem como para falar, são os sintomas mais prevalentes e costumam afetar muitos pacientes no curso da MO, e pode causar profunda angústia e prejuízos psicológicos na qualidade de vida e estado funcional destes pacientes.
  • Crianças e adolescentes representam um grupo único de pacientes no campo de câncer e apresentam um risco elevado para MOs. (Cheng et al., 2011).
  • Eduardo et al. avaliaram 51 pacientes pediátricos no de TCTH do HIAE. Os resultados mostraram que todos os pacientes apresentaram MO com severidade média (grau I e II), enquanto estudos anteriores mostraram freqüência de mucosite também de grau III e IV (severidade grande), assim concluindo que o protocolo de higiene oral associado a LBI foram efetivos na diminuição da severidade da mucosite associada a QT em crianças que passam por TCTH.
  • O uso da crioterapia para administração de alguns quimioterápicos, como o melfalano, resultou em menores escores de mucosites, menor uso de narcóticos e menores indices de dores associadas à mucosite oral. A crioterapia causa vasoconstrição, assim diminuindo a distribuição do medicamento citotóxico na mucosa oral. (Sung et al., 2015)
  • Na avaliação inicial, Hogan (2009) sugere que o objetivo deve ser a remoção de qualquer potencial foco de infecção em boca, assegurar que a cavidade bucal é livre de irritações, e educar o paciente e família sobre a necessidade de higiene oral antes, durante e após a terapia oncológica. Os tratamentos dentais devem ser completados até 1 mês antes da terapia para o câncer ser iniciada, quando isto não é possível devem ser colocadas restaurações provisórias que podem ser trocadas apos a estabilização do quadro hemato-oncológico do paciente. Os pacientes devem ser instruídos a manter uma dieta não cariogênica e novos exames dentais ser realizados periodicamente no curso de seu tratamento. Aparelhos ortodônticos devem ser removidos, e o tratamento ortodôntico pode ser continuado após o paciente estar 2 anos livre da doença. Deve ser implementado um protocolo de higiene oral com os enfermeiros do hospital, e um odontopediatra deve fazer parte de uma equipe multidisciplinar para ajudar na fiscalização e educação dos enfermeiros. Por fim, é importante que o hospital avalie as mudanças ocorridas após a implementação do protocolo de higiene bucal para que esta prática fique cada vez mais solidificada.

3) Atuação do cirurgião-dentista na UTI

  • Estado debilitado do paciente leva ao desenvolvimento de doenças da cavidade oral, como doença periodontal e candidíases.
  • Essa deterioração significativa da saúde oral pela má higiene, além de interferir nas condições sistêmicas dos pacientes e afetar sua qualidade de vida, também contribui para o aumento do tempo e custo do tratamento hospitalar.
  • Composição da flora destes pacientes passa por uma mudança, favorecendo a instalação de microorganismos patógenos.
  • A saliva também é um elemento crucial em cavidade bucal e tem uma série de funções importantes, como remineralizar o esmalte dentário, fornecer substâncias imunológicas e lavar os resíduos de alimentos. A hipossalivação que ocorre durante o uso de vários medicamentos favorece o crescimento microbiano local. Na ausência de saliva, as salivas artificiais e lubrificantes orais podem melhorar os sitomas da xerostomia. Estes produtos tendem a diminuir a sensação de secura bucal e melhorar a fisiologia oral.
  • O exame clínico e a higienização oral em pacientes da UTI são procedimentos básicos e essenciais, necessários para prevenir infecções, manter a umidade das mucosas e promover conforto ao paciente, com o objetivo principal de manter a saúde dos tecidos orais. O investimento em implementação de protocolos de cuidados com a saúde bucal para prevenir riscos de doenças sistêmicas infecciosas é uma medida de grande valia para a saúde pública e privada.
  • Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) evidenciam uma alta taxa de mortalidade por endocardite, sendo que 20% dos pacientes acometidos não sobrevivem à doença. A endocardite bacteriana causada por infecções relacionadas com as arcadas dentárias é responsável por cerca de 10% dos casos de morte, de vítimas de doenças no coração, em todo o mundo. Entre as doenças cardíacas, a endocardite ganha destaque porque está relacionada a diversos fatores, entre eles as bacteremias decorrentes de procedimentos odontológicos em pacientes com condições cardíacas diversas. Levando-se em conta a elevada quantidade de microorganismos presentes na cavidade oral, quando a ocorrência de sangramentos, pode ocorrer bacteremia transitória, sendo esse evento de extrema importância em pacientes considerados de risco elevado.

4) Atuação do cirurgião-dentista nas alas de internação

  • O cirurgião-dentista deve avaliar o paciente enquanto o estadiamento e a realização de exames complementares estão acontecendo, para que se possa realizar o atendimento odontológico com o objetivo de eliminar fontes de traumas, tais como aparelhos ortodônticos, dentes e/ou restaurações fraturadas e dentes decíduos em fase de esfoliação, evitando-se, assim, infecções de origem endodôntica e da mucosa bucal.
  • As drogas quimioterápicas atuam de forma mais intensa em células que apresentam alto índice mitótico, como as células das mucosa oral e do tubo digestivo, por isso a ocorrência de efeitos na cavidade oral.
  • É de extrema importância ressaltar que a criação de um protocolo de atendimento odonto-onco-hematológico, tanto na fase de diagnóstico, quanto durante o tratamento antineoplásico, podem reduzir os efetos colaterais dessa terapia, prevenir possíveis complicações e reduzir o tempo de internação trazendo um aumento da qualidade de vida, prevenção de doenças sistêmicas advindas da cavidade bucal, durante o tratamento com quimioterapia, radioterapia e transplante de medulla óssea.
  • Complicações bucais: xerostomia, disgeusia, candidíase, mucosite, osteorradionecrose e cáries de irradiação.

Fonte: Livro “Saúde tem Risco?” – Hospital Vera Cruz.

 

 

Dra. Bárbara Galletti Lourenço Marques

CRO-SP: 105037

Especialista em Odontologia Hospitalar pelo Hospital Israelita Albert Einstein

 

 

 

 

 

, 11:53.

RESPIRAÇÃO BUCAL E SAÚDE BUCAL

 

Respiração bucal pode não parecer um grande problema, mas em termos de saúde bucal e do desenvolvimento facial em crianças, pode criar problemas que podem impactar toda a vida futura.

 

Como identificar um respirador bucal?

Muito frequentemente os pais não conseguem identificar claramente a respiração bucal em seus filhos ou mesmo os adultos neles próprios. Alguns indícios de respiração bucal incluem:

– Lábios secos

– Dentes apinhados

– Ronco, apneia do sono e boca aberta quando dormindo

– Aumento da incidência de infecções das vias aéreas como: sinusite, otites e resfriados.

– Mau hálito crônico

– Olheiras, olhar cansado

– Mastigação deficiente, engasgos frequentes

A respiração bucal ocorre em pessoas que têm obstrução nasal crônica. Os fatores que podem levar a uma obstrução da respiração nasal são: desvio de septo nasal, aumento dos cornetos nasais (estruturas presentes dentro da cavidade nasal), alergias respiratórias, aumento de amigdalas e da adenóides. Quando seu corpo não consegue obter o oxigênio necessário através de uma respiração nasal, automaticamente o único caminho alternativo é utilizado: sua boca.

A respiração bucal em crianças pode influenciar negativamente o desenvolvimento das estruturas ósseas e dentárias. O lábio superior fica curto, o fechamento total dos lábios pode ficar comprometido, os dentes superiores podem inclinar para fora da boca, o palato cresce em profundidade e não lateralmente o que acarreta na falta de espaço para o alinhamento dentário, os dentes ficam apinhados, e problemas de fala podem ocorrer. A qualidade do sono pode ficar comprometida. Má respiração diminui a concentração de oxigênio no sangue que acarreta em uma piora na performance escolar ou no trabalho. A respiração bucal deixa a cavidade bucal seca, o que, aumenta a incidência de cáries e de inflamações gengivais. Além disto, o hálito pode ficar desagradável.

Humanos são desenhados para respirar pelo nariz, quando se respira pela boca a postura corporal se altera, para manter a passagem aérea aberta. Isso pode causar problemas em crianças e adultos. Os respiradores bucais tendem a posicionar a cabeça anteriormente, aumentado o peso relativo da mesma, trazendo dores musculares e um padrão de crescimento anormal. Desvios na coluna podem ocorrer. Ademais, os pêlos nasais realizam a filtragem do ar, que também acaba sendo comprometida em crianças respiradoras bucais e isto favorecer a entrada de microorganismos indesejados e impurezas pelas vias aéreas.

Caso a respiração bucal não seja tratada em uma criança em crescimento a arcada dentária se deforma, a mordida abre na região anterior, o lábio superior fica menor e dobra para cima, a face se alonga, o nariz se achata e as narinas ficam menores.

Todos esses riscos indicam uma necessidade de tratamento imediata, assim que o problema respiratório for diagnosticado. As crianças devem ser encaminhadas ao odontopediatra, ortodontista e otorrino para avaliação de suas condições respiratórias. Deformidades ósseas e dentarias devem ser tratadas com aparelhos fixos ou removíveis para se limitar maiores danos no futuro. Quando o posicionamento da língua e tonicidade dos lábios estão alterados e nos casos em que a respiração bucal é mais habitual do que funcional a atuação da fonoaudióloga é fundamental.

Em nossa clinica estamos treinados para avaliar a condição respiratória de nossos pacientes, e muito frequentemente somos os primeiros a identificar o problema. Isso torna as visitas periódicas fundamentais.

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