31 de julho de 2020, 13:47.

TRATAMENTO DE CANAL EM DENTES DE LEITE

Na prática clínica, nos deparamos muito com esta questão: mas precisa tratar o canal do dente de leite? Não vai cair mesmo?

Vamos lá… O nosso dente é composto de três camadas: o esmalte (que é a parte mineralizada mais externa que confere a cor branca ao dente), a dentina (é a camada intermediária também mineralizada) e o canal (que é a parte mais interna e viva do dente, que contém os vasos e nervos). Este canal pode ser lesionado por alguns fatores, sendo os principais trauma ou cáries.

Quando há uma lesão no canal do dente de leite, isto significa que existem bactérias proliferando nesta região.

Neste sentido, deve ser feito o tratamento de canal para remoção destas bactérias e preenchimento desta estrutura com um material biocompatível. Como já foi dito anteriormente, no canal estão presentes os vasos sanguíneos do dente, que está em contato com toda a nossa corrente sanguínea. Portanto, estas bactérias que causam infecção no dente de leite podem gerar uma infecção em outros orgãos, ou então uma infecção sistêmica no organismo. Além disto, uma lesão no canal de um dente de leite também pode atrapalhar a formação do dente permanente que virá em seguida.

Uma outra dúvida que é muito frequente também quando o assunto é tratamento de canal do dente de leite é se não podemos então extrair o dente. Em alguns casos, é necessário sim extrair o dente de leite, porque o dano é tão grande que não se torna mais possível manter o dente na boca, ou então porque ele já está próximo de cair mesmo. Contudo, após extrairmos um dente de leite, a tendência é que o espaço da “janelinha” seja fechado, não havendo espaço posteriormente para erupção do dente permanente. Por isso que a opção de extrair deve ser priorizada realmente quando há possibilidade de se manter o dente na boca com saúde.

Por fim, vamos à um último questionamento. E depois do tratamento do canal? O dente de leite cairá normalmente?

Bom, cabe neste momento explicar como funciona o processo para o dente de leite cair. O dente de leite passa por um processo chamado rizólise, no qual sua raiz é reabsorvida até sobrar só a coroa (que é a parte externa, que nós vemos, do dente), e então ele cai. Assim, quando tratamos o canal do dente de leite, o preenchemos com um material que também é reabsorvível, e acompanhará a rizólise do dente de leite para que ele possa cair normalmente.

Se ficar mais alguma dúvida, agende uma consulta com nossa Odontopediatra, Dra. Barbara Lourenço

21 de julho de 2020, 19:25.

FRENECTOMIA LABIAL

O freio, ou frênulo, labial é este tecido que conecta o lábio superior da gengiva, como na foto acima. O frênulo, pela sua constituição histológica, é capaz de adaptar-se a qualquer dos movimentos dos lábios sem grandes alterações na sua forma. Sua função seria limitar esses movimentos, promovendo uma estabilização na linha média do lábio e impedindo a excessiva exposição da mucosa gengival. Sugere-se que a função do frênulo é maior no recém-nascido, auxiliando o trabalho de sucção do músculo orbicular da boca.

No recém-nascido, o freio labial frequentemente tem sua inserção na região da papila palatina, o que é denominado de freio teto labial, podendo permanecer dessa forma até o final do período de dentição de leite. No entanto, no decorrer do período intertransitório da dentição mista e devido ao ganho de dimensão vertical gerada pela aposição óssea em toda extensão do rebordo alveolar, o freio labial deve migrar para cima de maneira gradual, assumindo uma nova inserção mais alta na gengiva. Mas se eventualmente a inserção do freio mantiver-se na posição palatina originária, topograficamente esse freio deve ser considerado um desvio do padrão de normalidade e denominado de freio teto labial persistente.

O freio teto labial persistente, com inserção baixa, fibroso e proeminente na maxila de crianças em dentição mista, embora seja um achado comum, muitas vezes é uma preocupação para os cirurgiões-dentistas, especialmente quando associado ao diastema (espaço) interincisivos, como na foto abaixo. Clinicamente, além do diastema interincisivos o freio teto labial persistente se caracteriza por causar isquemia da papila palatina quando tracionado. Outras condições clínicas indesejáveis podem estar presentes, quando a quantidade exagerada de tecido e a inserção baixa são capazes de interferir na escovação, dificultando a colocação da escova na altura própria do vestíbulo durante a limpeza convencional. Ainda, se as fibras musculares do freio inserirem-se no rebordo da gengiva marginal livre (mais próxima do dente), distendendo o lábio durante a mastigação e a fala, podem causar retração gengival no tecido do colo do dente, podendo provocar o acúmulo de restos de alimentos e, eventualmente, a formação de bolsas periodontais.

A decisão sobre o tratamento do freio labial deve ser tomada depois de cuidadosa avaliação, a fim de determinar se o resultado será desfavorável no caso de a condição persistir. Quando se optar pela frenectomia labial superior, a técnica menos traumática e preconizada atualmente é a técnica de reposicionamento de Chelotti , cujo objetivo é a mudança da posição anatômica do freio, alterando suas características morfofuncionais e que proporciona o melhor resultado estético, eliminando apenas a porção do freio com inserção indesejável.

A cirurgia de frenectomia labial é uma cirurgia simples, que pode ser conduzida no próprio consultório odontológico (havendo a possibilidade de usar-se a sedação com óxido nitroso) ou em Centro Cirúrgico com anestesia geral, dependendo da idade e grau de colaboração do paciente. O período ideal para se fazer o diagnóstico do freio tetolabial persistente é após a erupção dos 4 incisivos centrais superiores.

Fonte: http://files.bvs.br/upload/S/0104-1894/2009/v27n3/a018.pdf

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