15 de julho de 2019, 12:15.

FATORES DE RISCO PARA A CÁRIE DENTÁRIA

A cárie é considerada um problema de saúde pública devido à sua característica generalizada, ao custo do tratamento e aos efeitos sobre a qualidade de vida. No Brasil houve um declínio da sua incidência nas últimas décadas, mas a sua ocorrência em alguns extratos da população e para algumas crianças que se enquadram nos fatores de risco abaixo relatados ainda é bastante elevada. Fatores que aumentam o risco da cárie:
– Presença de dentes cariados, que foram tratados ou removidos pela ação da cárie.
– Presença de manchas brancas nos dentes.

– Permanência de placa bacteriana por períodos prolongados (falta de regularidade no uso da escova e do fio dental).

– Presença de defeitos no esmalte.

– Uso ineficiente ou falta de uso da escova e do fio dental.

– História de inflamação gengival.

– Fluxo salivar diminuído (para ser diagnosticado, é necessário realizar um exame específico).
– Uso de alimentos ricos em carboidratos refinados (bolachas, bolos, sorvetes, refrigerantes, sucos industrializados).

– Uso de bebidas ácidas (refrigerantes, energéticos, isotônicos e sucos de frutas ácidas).

– Idade em que o açúcar é introduzido na dieta.
– Fatores sociais relacionados à família: grau de instrução dos pais, formação escolar, renda e estilo de vida.
– Falta de acesso à profissionais de saúde bucal.
– Consumo de água não fluoretada (como água mineral, de poço ou nascente).

Dos fatores acima relacionados a ocorrência de cáries pregressas e a dieta são os fatores mais importantes.

Visite o seu dentista regularmente para uma avaliação de risco e instituição do melhor programa de prevenção. Os bebês devem ter sua primeira visita ao dentista por volta dos 6 meses de vida, para que os pais sejam orientados quanto à sua higiene desde cedo, bem como em relação à introdução do açúcar.

1 de julho de 2019, 10:08.

USO DE PRODUTOS NATURAIS NA ODONTOLOGIA

Recentemente, os produtos naturais tem recebido uma atenção especial tanto dos cientistas como da mídia e da população em geral. Tem sido observado um crescente interesse no uso de produtos naturais para prevenção e/ou tratamento de diversas doenças desde simples infecções até doenças mais complexas como diabetes, ateroescleroses e cânceres. Vários produtos de uso diário com aplicação medicinal podem ser encontrados no mercado, como sprays para a garganta e feridas, pastas de dentes, entre outros.

Uma área de destaque em que os produtos naturais têm despertado bastante interesse é o desenvolvimento de cosméticos. Diversos produtos naturais demonstram ser eficazes na atuação contra o envelhecimento devido à sua atividade antioxidante.

Na Odontologia não é diferente, é possível encontrar diversos produtos para uso odontológico como enxaguatórios bucais e dentifrícios que contenham algum produto natural em sua composição. Também não é raro que os meios de comunicação em geral divulguem o uso de produtos naturais pela população para as mais diversas finalidades, uma vez que é comum ouvir que devido ao fato de ser produto natural, o mesmo será seguro para uso.

Com a velocidade com que as informações se disseminam nas redes sociais, os profissionais de saúde estão cada vez mais atentos para dismistificar sugestões de utilização de produtos naturais e também as pessoas têm deixado de lado a idéia de que os produtos naturais só fazem bem e são sempre seguros para a saúde. Um exemplo recente foi a proposta da utilização da cúrcuma em substituição ao dentifrício, que ganhou grande atenção da mídia.

Exitem muitos produtos naturais amplamente utilizados na Odontologia, como gel a base de Uncaria para tratamento de herpes labial ou eugenol (usado para forramento dental). Contudo, a pesquisa de produtos naturais em Odontologia nos últimos 15 anos proporcionou um desenvolvimento bastante limitado de produtos de saúde para uso tópico, principalmente devido a avaliação inconclusiva da composição química de produtos naurais, a escassez de ensaios clínicos ou quando realizados foram estudos mal concebidos, falta de experiência multidisciplinar e trabalho colaborativo, bem como ausência de parceria e investimento da indústria neste setor.

Hyun Koo, professor da Universidade da Pensilvânia (EUA) acredita que os maiores empecilios para o uso de produtos naturais na prática clínica são: a variabilidade da composição química que pode afetar as propriedades biológicas/ farmacológicas; a fonte de coleta dos produtos naturais que deve ser sustentável e renovável para garantir a qualidade e longevidade do produto; a necessidade de impor um controle de qualidade rigoroso para garantir o efeito terapêutico/ farmacológico; e a acessibilidade dos produtos.

Para superar tais dificuldades, Pedro Rosalen, diretor da Faculdade de Odontologia de Piracicaba (FOP – Unicamp), aponta a necessidade de “existência de uma equipe multidisciplinar incluindo biólogos, engenheiros químicos, farmacêuticos e dentistas em ambientes acadêmicos e industriais, não apenas para cobrir os aspéctos técnicos de sustentabilidade, síntese química e preparação farmacêutica, mas também para abordar mecanismos reais da doença e necessidades terapêuticas do paciente.

No entanto, mesmo com todas as necessidades, o Brasil se destaca no campo da pesquisa de produtos naturais em Odontologia. O grupo de pesquisa da Unesp de São José dos Campos, em colaboração com pesquisadores Unesp de Araraquara, têm trabalhado há mais de uma década na busca por moléculas antifúngicas que possam ser utilizadas no tratamento da candidíase bucal a partir de plantas. Existem outros grupos com resultados promissores do uso da própolis e outros produtos naturais no tratamento de doenças bucais.

De fato, a própolis tem sido bastante pesquisada em relação ao seu combate às principais doenças bucais como a cárie, doença periodontal e candidíase. No Brasil, é possível encontrar diversos tipos de própolis devido à grande biodiversidade vegetal. O chá verde, as diversas berries, os óleos essenciais de menta, o alho e o Resveratol são produtos naturais que também possuem avançadas pesquisas para uso odontológico.

De acordo com a opinião dos especialistas em produtos naturais, fica claro que a pesquisa e o uso deste tipo de produto é bastante diverso. Se por um lado alguns produtos estão há bastante tempo na prática clínica odontológica, outros ainda carecem de mais estudos antes de serem considerados eficazes e seguros. O mesmo vale para o mercado: enquanto na Ásia o consumo de própolis é bem difundido e possui alto valor econômico agregado, em outros países o mesmo não ocorre. De fato, os produtos naturais representam uma fonte potencial e valiosa para o desenvolvimento de medicamentos e produtos para o manejo de doenças bucais. Até o momento, algum processo foi alcançado, mas ainda há um longo caminho a percorrer.

Fonte: Revista APCD fevereiro/ março 2019

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