6 de abril de 2015, 14:34.

Aleitamento Artificial: Mamadeiras e a Cárie de Mamadeira

QUANDO O ALEITAMENTO ARTIFICIAL É INEVITÁVEL
O desmame precoce acontece pela “falta de leite”, principal motivo alegado pelas mães, embora especialistas sejam unânimes em afirmar que menos que 1% das mulheres não produzem leite suficiente para nutrir seus bebês. Apesar de não existirem causas clínicas para a hipoclactia (falta de leite), para muitas mães acontece quando isso está associado a problemas emocionais, falta de informação e estímulos inadequados. Todos esses fatores poderão ser detectados ainda na gravidez, com um pré-natal bem conduzido.
Nem sempre as mulheres estão preparadas para as exigências trazidas pela maternidade. Muitas mães se estressam, ficam ansiosas e entram em depressão porque querem amamentar e não conseguem. Sempre que isso ocorrer, é muito importante e necessário esforçar-se para retomar o aleitamento.
Os argumentos mais comuns para a interrupção do aleitamento são “leite fraco”ou “insuficiente” para saciar o bebê. Na maioria das vezes, entretanto, com algum esforço e técnicas corretas, sempre é possível retomar o aleitamento natural.
Existem razões mais concretas, porém, para o não aleitamento. Há casos que representam riscos reais à saúde do bebê, como o de mães que contraíram doenças transmissíveis ou são portadoras de vírus como o da hepatite, AIDS, tuberculose, etc.

Mesmo quando a mamadeira se torna vitoriosa, é importante se lembrar que amamentar está longe de ser uma ação apensar ligada à nutrição (veja o post sobre “Amamentação”).

Por isso, quando a amamentação materna for impossível, é importante cultivar uma relação de intimidade com a criança, dando ela atenção e carinho.

ORIENTAÇÃO PARA O USO DA MAMADEIRA
O ritual para dar a mamadeira deve ser o mais parecido possível com o da amamentação natural. O filho deve receber diretamente o calor do corpo da mãe, a segurança do seu braço, a atenção e o carinho de que tanto precisa. Com o bebê bem aconchegado, com a mãe conversando suavemente,a amamentação artificial também se torna um momento agradável de ternura e carinho.
A mãe deve utilizar a mamadeira como se fosse seu próprio peito. Não se esquecendo de que existem dois peitos, ou seja, quando for dar a mamadeira, deve-se colocar o bebê primeiro de um lado do colo, deixando-o mamar até a metade, depois virando para o outro lado até o término da mamadeira.
Isso evitará que se desenvolva mais os músculos da face de um lado que do outro, evitando futuramente mordida cruzada e o uso de aparelhos ortodônticos.
É necessário que o bebê se esforce para succionar.

A POSIÇÃO DO BEBÊ DEVERÁ SER SEMELHANTE À DO ALEITAMENTO MATERNO
Recomenda-se que o bebê fique inclinado, com a cabeça num plano superior em relação ao restante do corpo. Essa posição evitará a entrada do leite na tuba auditiva, que pode provocar otites; além do mal posicionamento da língua ao deglutir e uma ingestão maior de leite, evitando ainda o risco de ficar sufocado.
Ao aleitar a criança, o leite fica retido na boca e em contato com os DENTES, principalmente na região ântero-superior, possibilitando o desenvolvimento de cáries, conhecidas com cáries de mamadeira.
No aleitamento artificial, é extremamente importante o uso de um bico anatômico, ortodônitco, preferencialmente que imite o seio materno com suas glândulas mamárias.
As melhores opções são:

Mamadeira Ultivent, da MAM

Mamadeira Pétalas, da AVENT

A forma do bico propicia a elevação da ponta da língua, favorecendo uma deglutição que não altere as arcadas dentárias.
O bico ortodôntico favorece também o movimento anterior da mandíbula em relação à maxila, devido aos movimentos de amplitude para a retirada do leite.

O ORIFÍCIO PEQUENO FAVORECE A MUSCULATURA ORAL, A COORDENAÇÃO, DEGLUTIÇÃO E RESPIRAÇÃO
É importante que se mantenha sempre o orifício para cima, fazendo com que o líquido não corra diretamente na parte posterior da língua, mas percorra a parte central.
A parte mais elevada do bulbo faz com que os lábios não ultrapassem essa região, fazendo com que a sucção seja uma exercitação mais intensa da parte anterior da boca e mandíbula. Os bicos convencionais, ao contrário, favorecem o abocanhamento até a rosca da mamadeira, podendo gerar deformidades ósseas com o tempo de uso.
Com a mamadeira na posição vertical, sem apertá-la, o leite não deve jorrar e sim pingar lentamente. Quando o furo é maior, este provoca uma saída de leite muito grande em cada sucção, diminuindo o esforço muscular e alterando a deglutição. O bebê alcançará a plenitude alimentar antes de se estasiar com as sucções.
Após a mamada, o bebê poderá sentir falta do ato de sucção, levando-o a criar hábitos de compensação como, por exemplo, chupar dedo ou chupeta.
A mãe não deverá ter pressa para que ele mame rápido, mas também não deve deixar que ele crie o hábito de “chupetar”o bico da mamadeira.

HORA DE MAMAR É HORA DE SE ALIMENTAR
O aleitamento deverá ser feito com o bebê acordado, para que se tenha certeza de que o leite está sendo deglutido. Se o bebê adormecer, deve-se retirar imediatamente a mamadeira.
Os bicos das mamadeiras merecem atenção especial em relação à higiene e à hora de trocá-lo por um novo. Com o uso, a textura e elasticidade do silicone ou látex vão se modificando, apresentando mais porosidade e aderência, ocasionando aumento na proliferação de bactérias.
As mamadeiras e bicos devem estar corretamente lavados e esterelizados, evitando contaminações e infecções por bactérias.

DESMAME DA MAMADEIRA
Quando deixar a mamadeira?
O desmame deverá acontecer de forma gradativa e progressiva, geralmente por volta do sexto mês. Já ao redor do quinto mês de vida, quando começa a haver dissociação dos movimentos da língua e mandíbula, deve-se aumentar paulatinamente a consistência dos alimentos. A partir do quinto ou sexto mês, a utilização de alimentos semi-sólidos já pode ser iniciada, por meio da colher de silicone, que é mais macia e assim apresenta menos riscos de ferir-se a mucosa gengival.
Quando a criança é amamentada até o sexto mês, ela já pode passar para a alimentação utilizando-se colheres o copos, sem a necessidade de passar pelo uso da mamadeira, pois seu uso é desnecessário e não traz benefício algum para a criança.
O hábito da mamadeira, quando introduzido, demora a ser removido. Mais fácil será a sua eliminação quanto mais cedo for feita a substituição por copos e colheres, pois menor será a resistência oferecida pela criança.
Recomenda-se a utilização de copos e bicos para essa transição, colheres e pratos atraentes e, sempre que possível, a refeição deverá ser feita junto com a família.

A eliminação da mamadeira durante a madrugada deve ser feita, de preferência, antes da erupção dos DENTES.

A mãe pode diminuir gradativamente a quantidade de leite e aumentar a de água de forma que, depois de quinze dias em média, a mamadeira só seja oferecida com água, o que leva a criança a dispensar a mamada da noite.

MAMADEIRA NOTURNA: ATENÇÃO!!
É muito comum a criança se alimentar através da mamadeira antes de dormir. O leite não deve ser adoçado e nem complementado com “engrossantes” como amido de milho e outros.

A produção de saliva diminui quando a criança está dormindo e ela engole menos vezes, ocorrendo assim estagnação desse leite sobre a superfície da boca por muito tempo.

Isso favorece a proliferação de bactérias, liberando ácidos que corroem os dentes e geram a cárie, principalmente se o leite estiver adoçado.
Há muitas crianças que gostam de tomar leite antes de dormir. Aconselhamos que esta última mamada seja realizada pelo menos meia hora antes de a criança dormir, para posteriormente efetuar-se a higiene bucal.
Como prevenção à cárie, é de extrema importância evitar o açúcar na alimentação do bebê. Água, leite, sucos e chás não devem ser adoçados.

A criança não conhece o açúcar até apresentarmos a ela, portato postergue o quando for possível esses primeiros contatos.

Mesmo que a criança mostre resistência no início, ao recusar alimentos não adoçados, a mãe deve se manter forte ao optar por essa prevenção, pois no futuro os ganhos serão visíveis e recompensadores:

Criança com Cárie de Mamadeira

Fonte: Saúde Bucal do Bebê ao Adolescente. Dra. Salete Nahás

 

Dra. Bárbara Galletti Lourenço
CRO 105037
Especialista em Odontopediatria e Odontologia para Bebês

www.lourencoodontologia.com.br

1 de abril de 2015, 09:03.

O uso da chupeta e a sua importância

Os primeiros contatos do bebê com o mundo que o cerca são sentidos por meio da boca, por onde começará a provar e conhecer o mundo.
A boca passa a ser o centro das primeiras e mais importantes experiências do recém-nascido. É por meio dela que o bebê faz o contato com a mãe, explora esse novo mundo e sacia sua fome.

NECESSIDADE DE SUCÇÃO
Para a criança, a sucção é importante, pois ajuda a satisfazer as necessidades psicológicas e nutricionais. Os bebês não têm apenas satisfação nutricional durante a alimentação, mas também experimentam o estímulo progressivo dos lábios, língua e mucosa bucal e aprendem a associar esses estímulos a outras sensações agradáveis: o carinho, o aconchego e a voz da mãe.
A experiência da alimentação é uma relação mãe-filho. É o ato de pôr em prática uma relação de amor entre os dois seres vivos. Tal vínculo é muito poderoso no início.
A sensação de fome e a necessidade de sucção surgem ao mesmo tempo e fazem parte do processo de desenvolvimento e alimentação do bebê. Portanto, o ideal seria que a sucção e a fome fossem saciadas ao mesmo tempo, mas nem sempre isso acontece. Há bebês que se satisfazem apenas com as mamadas e existem outros que necessitam de mais tempo de sucção.
Isso também ocorre quando o bico da mamadeira tem o furo aumentado, fazendo com que a vazão do leite seja maior. O bebê se sentirá satisfeito rapidamente, repleto. Tal fato não indica que terá saciado a sua necessidade de sucção, podendo causar choro ou inquietação logo a seguir.

COMO FAZER O BOM USO DA CHUPETA
É neste momento que a chupeta demonstra sua importância, pois é usada para satisfazer a necessidade de sucção do bebê. Porém, na grande maioria das vezes, chupar chupeta pode se transformar em um vício extremamente prejudicial à mastigação, respiração, fala e posição dos dentes da criança.

A chupeta pode ser importante, sim, desde que a mãe saiba o momento certo de oferecer.

Praticamente todos os pais já ouviram falar ou conhecem os malefícios causados pelo uso excessivo da chupeta, mas mesmo assim preferem focar mais nos benefícios que o seu uso trás para suas próprias vidas.

Os pais, em geral, transformam a chupeta em vício.

Eles a usam para calar a criança e matê-la quieta, sem se preocupar em conhecer o seu uso adequado, tendo em vista a saúde de seus filhos.
Perceber o que está acontecendo com o bebê parece ser uma tarefa muito difícil já que ele não fala e nem aponta. Mas a mãe, quando estabelece uma relação saudável com o filho, é capaz de saber o que ele está precisando, sem necessitar de muita teoria, orientação ou conselhos.
Na maioria das vezes, o bebê quer comunicar fome, calor, frio, desconforto, falta de companhia e aconchego. Nenhum destes problemas é resolvido com a chupeta e, por isso, seu uso deve ser controlado.
Aliviar a ansiedade do bebê com a chupeta faz com que ele associe uma coisa à outra. Toda vez que se sentir ansioso vai querer a chupeta, pois tem medo de perdê-la. Assim, os pais acabam induzindo o bebê a centralizar na boca a busca de todas as sensações, tornando tardia a exploração de situações diferentes e o desenvolvimento de outros sentidos.

CONTROLANDO O HÁBITO DE SUCÇÃO
O bebê habituado à chupeta pode demorar mais a explorar outras capacidades ao seu redor, desenvolvendo um aprendizado mais lento.
O hábito de sucção de chupeta é muito prejudicial quando permanece além do final do segundo ano de vida, tornando-se essencial a disciplina de seu uso.
Nesta fase, a criança passa a não dormir a maior parte do dia, começando a explorar um mundo novo ao seu redor, composto por brinquedos e objetos variados. Essa exploração propicia o exercício da fala e, nesse contexto, o balbucio é muito importante na exercitação da musculatura oral. O uso da chupeta impede o estímulo oral da fala; portanto, não se deve oferecer a chupeta a qualquer sinal de desconforto, ou para acalmar o choro, pois esse caminho levará ao hábito.

Ofertas de chupetas a todo instante ou estas penduradas na roupa da criança devem ser evitadas.

Seu uso somente indicado para satisfazer a necessidade básica de sugar, em geral mais acentuada nos primeiros três meses de vida.
Ao oferecer a chupeta à criança, a mãe deve colocá-la inicialmente em contato com os lábios, estimulando a sucção. É preciso segurar a chupeta e puxar um pouco para trás, como se a mãe quisesse tirá-la da boca, estimulando assim o hábito de sugar.
É conveniente que se faça isso aproximadamente dez vezes e se retire a chupeta da boca. Dessa forma, o trabalho da musculatura bucal será estimulado propiciando satisfação e cansaço. Nesse momento, é possível que a criança largue a chupeta e comece a dormir. Dependendo da necessidade de cada criança, é preciso fazer os movimentos mais vezes até alcançar esse resultado.

CHUPETA COM BICO ORTODÔNTICO
Dentro da odontologia e da fonoaudiologia, a conduta preventiva , tanto para o bebê recém-nascido quanto na fase de amamentação, indica o uso da chupeta ortodôntica, que possui forma semelhante ao seio materno, evitando-se assim problemas bucais.
Aconselhamos o uso de chupetas sem argolas, para não pendurá-las, e de preferência de silicone, porque permitem fácil higienização. É importante que os pais fiquem atentos ao tamanho da chupeta, que deve ser adequado à idade da criança para que se obtenha o efeito ortodôntico correto.

REMOÇÃO DO HÁBITO DA CHUPETA
A remoção da chupeta é indicada até os dois anos de idade. Entretanto, algumas crianças têm a necessidade de um elemento de transição que propicie, da mesma forma, aconchego, afeto, segurança e companhia. Esse elemento de transição pode ser representado por um bichinho de pelúcia, ou outro brinquedo preferido.
A presença da mãe nessa ocasião, fazendo carinho ou contando uma história, ajuda a desviar o foco e substituir a chupeta por outras formas de carinho, segurança e conforto. Também vale negociar a troca da chupeta em datas especiais, com o atrativo de ganhar um presente se ela der o que tanto gosta para outra pessoa. Essas pessoas podem ser Papai Noel, Coelhinho da Páscoa, Fadinhas, etc. Ao oferecer a troca, é preciso que os pais estejam atentos para perceber se a criança já se sente preparada e segura. Caso contrário, poderá haver um sentimento de frustração e impotência por parte da criança e da mãe. Deve-se continuar motivando a criança até que esta se sinta segura o suficiente para a mudança.

No condicionamento da criança, sempre tentar prevalecer o “ganho”e não “perda”.

COMO O BEBÊ PODERÁ ABANDONAR A CHUPETA?
Ele poderá abandonar o hábito aos poucos. Isso pode ocorrer de diferentes formas, desde que o hábito não esteja instalado fortemente, ou quando o bebê se sentir interessado por novas descobertas do mundo que o cerca e também quando estiver mais maduro.
Os pais precisam estar atentos aos sinais que a criança mostra, por exemplo, morder ou estragar a chupeta, sentir-se um pouco manhosa ou se apegar demais a ela. O verdadeiro pedido seria de mais carinho, atenção e um pouco mais de paciência por parte dos pais, para apresentar novos atrativos para a criança.
Quando o hábito está instalado firmemente, como um vício, aconselha-se fazer a remoção da chupeta de forma sensível, suave e gradual.
Não se deve usar métodos radicais, como passar pimenta, escondê-la ou jogá-la fora. Nem tampouco usar métodos que afetem a auto-estima da criança. Atitudes agressivas desse gênero poderão tornar a criança mais insegura, pondo em dúvida o amor dos pais e trazendo-lhes outros problemas de natureza psicológica.

QUAL É O MELHOR MOMENTO PARA SE TIRAR A CHUPETA?
É aconselhável retirar a chupeta entre um ano e um ano e meio de idade, evitando ao máximo ultrapassar os dois anos, para que se evitem problemas no desenvolvimento das arcadas. Nem sempre o momento que a criança está vivenciando é o mais propício. Primeiro, é preciso observar o que está ocorrendo na vida da criança. Deverá ser um momento em que os pais estejam se relacionando bem, a criança não esteja doente, não haja um novo irmãozinho em casa ou à caminho. Estas são situações que geram tensões e a chupeta poderá representar um apoio.
Se o momento for favorável, será possível negociar o tempo e a frequência diária de uso da chupeta, não esquecendo de retirá-la sempre logo após adormecer.
É importante que a mãe tenha cuidado para não magoar nem humilhar a criança e, sempre que houver capacidade de entendimento por parte dela, explicar o porquê do esforço da retirada do hábito.
Os pais servirão de apoio neste momento, embora precisem reconhecer as limitações da criança que, na maioria das vezes, se mostra empenhada em ajudá-los nessa situação.
O hábito de succionar a chupeta pode ocasionar deformidades dentofaciais. É desejável, portanto, que a interrupção do hábito seja feita o mais cedo possível. Não se pode esquecer, porém, o respeito pela criança, sempre lembrando que estamos tratando de uma criança portadora de um hábito e não simplesmente de um hábito.
Devemos compreender totalmente que, ao ensinar hábitos corretos aos nossos filhos, estaremos educando-os e evitando a instalação de hábitos prejudiciais.

Fonte: Saúde Bucal do Bebê ao Adolescente. Dra. Salete Nahás

Dra. Bárbara Galletti Lourenço
CRO 105037 – SP
Especialista em Odontopediatria e Odontologia para Bebês

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