O uso da chupeta e a sua importância
Os primeiros contatos do bebê com o mundo que o cerca são sentidos por meio da boca, por onde começará a provar e conhecer o mundo.
A boca passa a ser o centro das primeiras e mais importantes experiências do recém-nascido. É por meio dela que o bebê faz o contato com a mãe, explora esse novo mundo e sacia sua fome.
NECESSIDADE DE SUCÇÃO
Para a criança, a sucção é importante, pois ajuda a satisfazer as necessidades psicológicas e nutricionais. Os bebês não têm apenas satisfação nutricional durante a alimentação, mas também experimentam o estímulo progressivo dos lábios, língua e mucosa bucal e aprendem a associar esses estímulos a outras sensações agradáveis: o carinho, o aconchego e a voz da mãe.
A experiência da alimentação é uma relação mãe-filho. É o ato de pôr em prática uma relação de amor entre os dois seres vivos. Tal vínculo é muito poderoso no início.
A sensação de fome e a necessidade de sucção surgem ao mesmo tempo e fazem parte do processo de desenvolvimento e alimentação do bebê. Portanto, o ideal seria que a sucção e a fome fossem saciadas ao mesmo tempo, mas nem sempre isso acontece. Há bebês que se satisfazem apenas com as mamadas e existem outros que necessitam de mais tempo de sucção.
Isso também ocorre quando o bico da mamadeira tem o furo aumentado, fazendo com que a vazão do leite seja maior. O bebê se sentirá satisfeito rapidamente, repleto. Tal fato não indica que terá saciado a sua necessidade de sucção, podendo causar choro ou inquietação logo a seguir.
COMO FAZER O BOM USO DA CHUPETA
É neste momento que a chupeta demonstra sua importância, pois é usada para satisfazer a necessidade de sucção do bebê. Porém, na grande maioria das vezes, chupar chupeta pode se transformar em um vício extremamente prejudicial à mastigação, respiração, fala e posição dos dentes da criança.
A chupeta pode ser importante, sim, desde que a mãe saiba o momento certo de oferecer.
Praticamente todos os pais já ouviram falar ou conhecem os malefícios causados pelo uso excessivo da chupeta, mas mesmo assim preferem focar mais nos benefícios que o seu uso trás para suas próprias vidas.
Os pais, em geral, transformam a chupeta em vício.
Eles a usam para calar a criança e matê-la quieta, sem se preocupar em conhecer o seu uso adequado, tendo em vista a saúde de seus filhos.
Perceber o que está acontecendo com o bebê parece ser uma tarefa muito difícil já que ele não fala e nem aponta. Mas a mãe, quando estabelece uma relação saudável com o filho, é capaz de saber o que ele está precisando, sem necessitar de muita teoria, orientação ou conselhos.
Na maioria das vezes, o bebê quer comunicar fome, calor, frio, desconforto, falta de companhia e aconchego. Nenhum destes problemas é resolvido com a chupeta e, por isso, seu uso deve ser controlado.
Aliviar a ansiedade do bebê com a chupeta faz com que ele associe uma coisa à outra. Toda vez que se sentir ansioso vai querer a chupeta, pois tem medo de perdê-la. Assim, os pais acabam induzindo o bebê a centralizar na boca a busca de todas as sensações, tornando tardia a exploração de situações diferentes e o desenvolvimento de outros sentidos.
CONTROLANDO O HÁBITO DE SUCÇÃO
O bebê habituado à chupeta pode demorar mais a explorar outras capacidades ao seu redor, desenvolvendo um aprendizado mais lento.
O hábito de sucção de chupeta é muito prejudicial quando permanece além do final do segundo ano de vida, tornando-se essencial a disciplina de seu uso.
Nesta fase, a criança passa a não dormir a maior parte do dia, começando a explorar um mundo novo ao seu redor, composto por brinquedos e objetos variados. Essa exploração propicia o exercício da fala e, nesse contexto, o balbucio é muito importante na exercitação da musculatura oral. O uso da chupeta impede o estímulo oral da fala; portanto, não se deve oferecer a chupeta a qualquer sinal de desconforto, ou para acalmar o choro, pois esse caminho levará ao hábito.
Ofertas de chupetas a todo instante ou estas penduradas na roupa da criança devem ser evitadas.
Seu uso somente indicado para satisfazer a necessidade básica de sugar, em geral mais acentuada nos primeiros três meses de vida.
Ao oferecer a chupeta à criança, a mãe deve colocá-la inicialmente em contato com os lábios, estimulando a sucção. É preciso segurar a chupeta e puxar um pouco para trás, como se a mãe quisesse tirá-la da boca, estimulando assim o hábito de sugar.
É conveniente que se faça isso aproximadamente dez vezes e se retire a chupeta da boca. Dessa forma, o trabalho da musculatura bucal será estimulado propiciando satisfação e cansaço. Nesse momento, é possível que a criança largue a chupeta e comece a dormir. Dependendo da necessidade de cada criança, é preciso fazer os movimentos mais vezes até alcançar esse resultado.
CHUPETA COM BICO ORTODÔNTICO
Dentro da odontologia e da fonoaudiologia, a conduta preventiva , tanto para o bebê recém-nascido quanto na fase de amamentação, indica o uso da chupeta ortodôntica, que possui forma semelhante ao seio materno, evitando-se assim problemas bucais.
Aconselhamos o uso de chupetas sem argolas, para não pendurá-las, e de preferência de silicone, porque permitem fácil higienização. É importante que os pais fiquem atentos ao tamanho da chupeta, que deve ser adequado à idade da criança para que se obtenha o efeito ortodôntico correto.
REMOÇÃO DO HÁBITO DA CHUPETA
A remoção da chupeta é indicada até os dois anos de idade. Entretanto, algumas crianças têm a necessidade de um elemento de transição que propicie, da mesma forma, aconchego, afeto, segurança e companhia. Esse elemento de transição pode ser representado por um bichinho de pelúcia, ou outro brinquedo preferido.
A presença da mãe nessa ocasião, fazendo carinho ou contando uma história, ajuda a desviar o foco e substituir a chupeta por outras formas de carinho, segurança e conforto. Também vale negociar a troca da chupeta em datas especiais, com o atrativo de ganhar um presente se ela der o que tanto gosta para outra pessoa. Essas pessoas podem ser Papai Noel, Coelhinho da Páscoa, Fadinhas, etc. Ao oferecer a troca, é preciso que os pais estejam atentos para perceber se a criança já se sente preparada e segura. Caso contrário, poderá haver um sentimento de frustração e impotência por parte da criança e da mãe. Deve-se continuar motivando a criança até que esta se sinta segura o suficiente para a mudança.
No condicionamento da criança, sempre tentar prevalecer o “ganho”e não “perda”.
COMO O BEBÊ PODERÁ ABANDONAR A CHUPETA?
Ele poderá abandonar o hábito aos poucos. Isso pode ocorrer de diferentes formas, desde que o hábito não esteja instalado fortemente, ou quando o bebê se sentir interessado por novas descobertas do mundo que o cerca e também quando estiver mais maduro.
Os pais precisam estar atentos aos sinais que a criança mostra, por exemplo, morder ou estragar a chupeta, sentir-se um pouco manhosa ou se apegar demais a ela. O verdadeiro pedido seria de mais carinho, atenção e um pouco mais de paciência por parte dos pais, para apresentar novos atrativos para a criança.
Quando o hábito está instalado firmemente, como um vício, aconselha-se fazer a remoção da chupeta de forma sensível, suave e gradual.
Não se deve usar métodos radicais, como passar pimenta, escondê-la ou jogá-la fora. Nem tampouco usar métodos que afetem a auto-estima da criança. Atitudes agressivas desse gênero poderão tornar a criança mais insegura, pondo em dúvida o amor dos pais e trazendo-lhes outros problemas de natureza psicológica.
QUAL É O MELHOR MOMENTO PARA SE TIRAR A CHUPETA?
É aconselhável retirar a chupeta entre um ano e um ano e meio de idade, evitando ao máximo ultrapassar os dois anos, para que se evitem problemas no desenvolvimento das arcadas. Nem sempre o momento que a criança está vivenciando é o mais propício. Primeiro, é preciso observar o que está ocorrendo na vida da criança. Deverá ser um momento em que os pais estejam se relacionando bem, a criança não esteja doente, não haja um novo irmãozinho em casa ou à caminho. Estas são situações que geram tensões e a chupeta poderá representar um apoio.
Se o momento for favorável, será possível negociar o tempo e a frequência diária de uso da chupeta, não esquecendo de retirá-la sempre logo após adormecer.
É importante que a mãe tenha cuidado para não magoar nem humilhar a criança e, sempre que houver capacidade de entendimento por parte dela, explicar o porquê do esforço da retirada do hábito.
Os pais servirão de apoio neste momento, embora precisem reconhecer as limitações da criança que, na maioria das vezes, se mostra empenhada em ajudá-los nessa situação.
O hábito de succionar a chupeta pode ocasionar deformidades dentofaciais. É desejável, portanto, que a interrupção do hábito seja feita o mais cedo possível. Não se pode esquecer, porém, o respeito pela criança, sempre lembrando que estamos tratando de uma criança portadora de um hábito e não simplesmente de um hábito.
Devemos compreender totalmente que, ao ensinar hábitos corretos aos nossos filhos, estaremos educando-os e evitando a instalação de hábitos prejudiciais.
Fonte: Saúde Bucal do Bebê ao Adolescente. Dra. Salete Nahás
Dra. Bárbara Galletti Lourenço
CRO 105037 – SP
Especialista em Odontopediatria e Odontologia para Bebês
Oii Tudo bem??Como faço para controlar durante a noite o uso da chupeta???
Olá Gustavo, tudo bem e vc?
O ideal é você ir tirando gradativamente, para que não se torne um processo tão traumático para a criança. Geralmente a criança usa a chupeta para pegar no sono e depois cospe, neste momento você pode tirar a chupeta da cama ou do berço para que ela não fique tentada a pegá-la novamente durante a noite. O que costumo aconselhar também é que seja oferecido um reforço positivo, como um presente ou um passeio que a criança queira fazer a medida que ela for conseguindo se desfazer da chupeta. Não existe fórmula mágica, é necessário empenho e dedicação dos responsáveis neste momento delicado da vida da criança.
Se quiser conversar mais a este respeito, agende uma consulta que poderemos tentar orientar melhor.
Att,
Equipe Lourenço Odontologia.