26 de maio de 2020, 11:48

HIPOMINERALIZAÇÃO DE MOLARES E INCISIVOS (HMI)

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Os defeitos de desenvolvimento do esmalte dentário são anomalias frequentemente observadas na dentição humana de leite ou permanentes, e podem se classificar como hipoplasia ou hipomineralização do órgão dentário. A hipoplasia é um defeito que provoca redução na quantidade de esmalte, enquanto a hipomineralização se configura como uma deficiência na qualidade do esmalte.

Dentre os tipos de hipomineralizações, destaca-se a hipomineralização de molares e incisivos (HMI) que afeta um ou até todos os primeiros molares permanentes, podendo estar presente também nos incisivos permanentes. A HMI está relacionada a complicacões durante o período de mineralização dos primeiros molares e incisivos permanentes. Esta fase se inicia na gestação e é finalizada ao longo dos primeiros três anos de vida. Assim, anormalidades ocorridas neste período podem estar relacionadas à ocorrência de HMI.

Fatores relacionados a complicações pré, peri e pós natais tem sido evidenciados e muitas condições de risco são relacionadas, incluindo problemas de gestação, parto prematuro e baixo peso ao nascer; doenças de primeira infância como varíola, asma, otite média, infecções do trato urinário, amigdalite, febre alta, dermatite atópica, alergias alimentares, distúrbios gastrointestinais, e uso frequente de antibióticos.

Os dentes hipomineralizados apresentam inicialmente variações em relação à sua coloração, indo de braco opaco a amarelo e marrom. Pelo fato destes dentes apresentarem uma menor formação de esmalte dentário, podem apresentar um rápido desgaste, levando à formção de cavidades, além de aumento à susceptibilidade de cárie e hipersensibilidade dentária. A hipersensibilidade é uma característica comum da HMI, tornando a higiene bucal e a alimentação difícil, enquanto os dentes acometidos não forem tratados. Os molares severamente afetados frequentemente mostram a desintegração do esmalte nas superfícies de mastigação, formando cavidades que podem se confundir com cáries dentárias.

Nos incisivos, as lesões manifestam-se na parte da frente do dente e se caracterizam somente por manchas, frequentemente não exibem fraturas, diferentemente do que ocorre com os molares que se encontram sob influência direta das forças mastigatórias.

O tratamento da HMI em casos levemente afetados consiste na prevenção, com aplicação de flúor tópico em consultório odontológico para estimular a remineralização destes dentes , ou então uso de selante resinoso para vedar as fóssulas ou fissuras dos molares para prevenir lesões cariosas. Para os dentes infectados pela HMI e cavitados, a indicação é restaurá-los com cimentos de ionômero de vidro ou resinas compostas. Estas restaurações necessitam de controle periódico já que estes dentes com defeitos de esmalte apresentam uma retenção menor aos materiais restauradores em relação a dentes hígidos.

Por fim, nos casos mais severos, se faz necessário lançar mão de tratamentos mais invasivos, como tratamento de canal seguido por coroas em cerâmica ou metalo-cerâmica, ou até extrações destes elementos dentários. Fatores tais como a oclusão, presença ou ausência de apinhamento dentário, dentes ausentes ou mal formados irão determinar a decisão sobre extração dos molares afetados. Considerações estéticas e preservação da vitalidade pulpar são os fatores principais da intervenção nestes casos.

Fontes:
REV ASSOC PAUL CIR DENT 2014;68(4):346-50
Rev. Ciênc. Méd. Biol., Salvador, v. 17, n. 2, p. 211-219, mai./jun. 2018

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