16 de maio de 2019, 10:41

BACTÉRIAS NA GENGIVA E FALTA DE SONO PODEM CAUSAR ALZHEIMER

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            Segundo reportagem realizada pelo jornal “A Folha de São Paulo” em janeiro de 2019, dois novos estudos apontam caminhos inesperados para compreender e tratar o mal de Alzheimer, doença degenerativa do cérebro que afeta mais de 30 milhões de pessoas no mundo, principalmente idosos.

            A privacão do sono e a presença de uma bactéria que causa infecções na gengiva têm correlação estreita com o surgimento da doença. A pesquisa sobre o elo entre a bacteria Porphyromonas gingivalis e a doença foi liderada por Stephen Dominy, em San Francisco, e está no periódico Science Advances.

            As raízes do Alzheimer, apesar de terem sido intensamente estudadas nas últimas décadas, ainda não são totalmente compreendidas. Atualmente, a hipótese que tem ganhado mais força é a de que o problema começa com alterações na proteína tau, abundante no interior dos neurônios saudáveis. Esta proteína pode sofrer alterações em sua estrutura e assim as moléculas de tau podem se agregar em fibras e filamentos que levam à perda de neurônios e sinapses (conexões entre os neurônios).

            Por mecanismos que ainda não estão totalmente claros, o processo de agregação de moléculas tau pode se espalhar de sinapse em sinapse, matando as redes de neurônios. É comum que isso comece em áreas do cérebro essenciais para a formação de novas memórias, o que explica os esquecimentos recorrentes de quem sofre o mal de Alzheimer. O processo pode evoluir e até levar o paciente à morte.

            A conexão com tau fica mais clara no primeiro estudo, que envolve a privação do sono. Acontece que a proteína é liberada pelos neurônios com mais frequencia quando eles estão excitados, com conexões mais intensas nas sinapses, o que tende a ser mais comum durante o estado disperto. Seria de se esperar que um processo ainda mais forte de acúmulo de moléculas acontecesse quando um indivíduo fosse impedido de dormir normalmente.

            Já a presença da bacteria P. gengivalis, causadora da periodontite crônica (inflamação séria na gengiva e osso que envolve o dente) é um fator de risco para o surgimento do mal de Alzheimer. Esta doença é causada por má higiene bucal e ingestão alta de alimentos com açúcar, tendo como primeiras manifestações sangramento e inchaço na gengiva. Uma toxina produzida por esta bactéria é capaz de causar morte nos neurônios e afetar estruturalmente a tau, que poderia ser um gatilho para o Alzheimer.

            Portanto, se estes estudos forem confirmados, regularizar o sono e diagnosticar e combater a presença da bactéria P. gingivalis poderão entrar no rol de abordagens contra o mal de Alzheimer. Consulte seu dentista para maiores informações!

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