19 de abril de 2021, 13:18

AMAMENTAÇÃO

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O leite materno é um composto natural que possui todas as substâncias que faltam ao recém-nascido, protegendo-o de agressões diversas, como as doenças causadas por vírus e bactérias. Além disso, possui os nutrientes necessários ao seu crescimento até o sexto mês de vida.

Contém anticorpos que o protegem contra doenças infantis, neuropsicomotoras, alérgicas ou infecciosas, doenças principalmente relacionadas ao aparelho digestivo e respiratório. O leite materno possui elementos antiinfecciosos: os leucócitos que destroem bactérias perigosas e substâncias que causam alergias, e a lactoferrina, proteína que atua no intestino impedindo o crescimento de bactérias e fungos. Possui outra substância, chamada fator bífido, que também atua no intestino, destruindo bactérias e evitando diarréia.

Não existe nada mais natural, nem um composto mais completo, que possa substituir o leite materno. Ele é o alimento mais importante para o desenvolvimento saudável do bebê. O número de mulheres que não podem produzir leite é mínimo. Por isso, é importante que a mãe insista no aleitamento natural. Já está provado que crianças amamentadas no peito resistem melhor às infecções, desenvolvem uma dentição mais saudável e são mais seguras emocionalmente.

A amamentação permite a aproximação dos corpos, jogos de olhares e prazer, havendo uma troca de amor e doação, fortalecendo o elo afetivo constituído pelo binômio mãe-bebê, tão importante para o desenvolvimento psicoafetivo da criança. É importante salientarmos que amamentar está longe de ser um ato relacionado apenas à nutrição da criança.

É necessária muita compreensão no momento inicial da amamentação, pois as pessoas têm uma impressão de que amamentar é maravilhoso (e é mesmo!), porém em alguns casos a mãe pode sofrer no início com machucados e fissuras nos mamilos e isto pode ser muito angustiante. Caso a mãe esteja encontrando dificuldades, recomendamos que procure uma consultora em amamentação, pois pode haver alguma desadaptação na pega do mamilo ou posicionamento do bebê, e a consultora está preparada para auxiliá-la neste sentido.

Um outro motivo por qual a amamentação pode ser dificultada é devido ao freio lingual curto (a famosa língua presa). Quando o bebê tem a língua presa, acaba não sugando o leite materno como deveria, e assim gasta muita energia para não ter a quantidade que precisa, então cansa antes de finalizar a mamada, e a sucção vai ficando mais difícil, e acaba muitas vezes machucando o seio da mãe. Por isso, o ideal é que tanto a pega quanto a língua do bebê seja avaliada o quanto antes. Caso necessário, o Odontopediatra está apto a fazer uma pequena cirurgia chamada frenectomia lingual para corrigir a língua presa e assim melhorar o padrão da amamentação.

É importante entendermos como ocorre o esforço para a extração do leite materno durante a amamentação. A boca do bebê se posiciona de forma que a parte anterior (gengiva superior) se apóie na superfície superior do mamilo. Enquanto isso a mandíbula faz o movimento de ordenha para a frente e para trás e a língua trabalha como válvula hermética. Esses movimentos de avanço e retração realizados pelos músculos fazem com que o cresimento do complexo maxilo-mandibular ocorra de forma adequada, assim favorecendo a correta erupção dos dentes de leite. Ao mamar com a mamadeira a exigência dos músculos é bem menos intensa e a língua fica quase parada, com leves movimentos de vaivém.

Além disto, a amamentação auxilia na respiração nasal devido à fisiologia desse tipo de alimentação, pois impede a entrada de ar pela boca durante o processo de alimentação, forçando a passagem do ar pelo nariz e estimulando todos os músculos orofaciais.

A introdução dos bicos artificiais (chupeta ou mamadeira) não é indicada porque pode atrapalhar na amamentação. Isto porque o bebê pode ter uma confusão de bicos e assim favorecer um desmame precoce. Além disto, os bicos artificiais podem gerar problemas no crescimento orofacial , com o aparecimento de má-oclusões como a mordida aberta anterior, e podem causar uma pré-disposição para que a criança seja respiradora bucal.

A OMS recomenda aleitamento materno exclusivo até os seis meses de idade, e amamentação complementar até os dois anos de idade ou mais. Crianças que foram amamentadas por menos que esse período apresentaram um maior risco de desenvolver infecções do trato respiratório, como pneumonia, sinusite e otite. A Academia Americana de Pediatria reafirmou as recomendações da OMS de amamentação exclusiva nos primeiros seis meses de vida e amamentação contínua com introdução de alimentos complementares para neonatos no mínimo até os 12 meses de idade ou mais, se mãe e filho assim desejarem.

Fonte:
– J. Pediatr. (Rio J.) vol.90 no.4 Porto Alegre July/Aug. 2014
– Livro: Saúde Bucal do Bebê ao Adolescente.
Escrito por:
Dra. Bárbara G. Lourenço Marques
CRO-SP: 105037

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